A GOTEIRA E O PALÁCIO.
Chagaspires
A impertinente goteira caia incessantemente no corredor do segundo andar bem em frente a uma das entradas do salão de banquetes do Palácio do Campo das Princesas, casa do então governador do Estado de Pernambuco e sede do Governo.
Nesta ocasião eu pertencia ao contingente da Casa Militar e prestava segurança no segundo andar do imponente palácio que havia recebido o tão pomposo nome em homenagem as filhas do imperador Dom Pedro II, que se hospedou nele juntamente com sua Imperatriz Dona Teresa Cristina nos idos de 1859.
Com suas cadeiras, sofás e poltronas a Luís XVI, o palácio foi remodelado, decorado e mobiliado entre os anos de 1926 e 1930 pelo então governador Estácio Coimbra.
Freqüentado por pessoas ilustre da sociedade brasileira e recifense, políticos e Presidentes da República, o Palácio chama atenção por sua imponente construção datada de 1841, executada pelo engenheiro Firmino Herculano de Morais Âncora a mando do governador Francisco do Rego Barros bem no local onde ficava o antigo Erário Régio.
Fica localizado no bairro de Santo Antônio na Praça da República, (próximo ao Palácio da Justiça e ao Teatro de Santa Isabel), cujos jardins abrigam um famoso Baobá que teria servido segundo alguns historiadores, de inspiração a Saint Exupéry antes de escrever seu famoso livro “ O pequeno príncipe”, quando de sua passagem pelo Recife.
E a insignificante goteira que continuava a cair, causava com seu ar molhado um empecilho aos que por ali passavam prejudicando a visão faustosa de tal ambiente sofisticado.
Uma goteirinha qualquer talvez iniciada por um afastamento de uma das telhas ousava provocar tal incômodo prejudicando um ambiente tão nobre e singular de continuar a ostentar sua dignidade secular.
O que eu não entendia a chuva poderia explicar, é que em qualquer lugar tanto em um palácio quanto numa choupana a água da chuva onde encontra uma pequena abertura por ela entra molhando tudo que se encontra a baixo, causando transtorno a governantes e a governados.