Destempero e Só

Espia na porta o soprano forasteiro

Nem sequer raiou mor mentira

Falsa tentação de gaveta brandiu

A carne humana seca e densa a desfibrar.

Tento atentar às garras da sorte

Vão me é a taça da morte, pescadora

Aguardo o saco salgado de mácula para lamber

Resquícios sãos em reminiscências baratas, desgraça.

A volúpia me pega na esgueira

Meio de lado; vou sem nariz

Não há sentir pela fresta da luz

Marca o compasso, retro holofote.

Lembranças são manteigas a perfilhar os rebentos

À tona, marcas de um desgosto consciente e ausente

Vendo minhas polidas entranhas adentrar o âmago

Sinto, fugaz, a necessidade de pisar descalço na brasa.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 01/10/2006
Reeditado em 04/10/2006
Código do texto: T253835
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