Lentes mal fadadas

Do mês passado, só aquela poesia cigana. Dos dias passados, a mesma vida mundana. Sem carma, êxtase, catarse ou euforia. Sem nada tão grande que despertasse alegria. Rotina: cárcere incoerente. E a vida passa assim, sujando a lente. A lente da bondade e do coração. A lente de uma idade de emoção. Meus óculos não vêem desforra, são sérios. Devo limpar as lentes imundas ou trocar os olhos tão velhos? Ou trocar a vida, tão amarga? Ou trocar de pessoas, tão pardas? Devo rumar, então, para o colorido? Ah! Que Deus me proteja, meu último pedido.

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 04/10/2010
Reeditado em 04/10/2010
Código do texto: T2537374