Sonetos em 7 sons

Todos os sonetos com metro menor que 10 sons são por difinição denominados SONETILHOS.

O soneto em sete é também chamado de soneto em redondilha maior ou heptassílabo.

Pouco cultivados, mas de beleza ímpar, merecem uma melhor atenção, razão pela qual conclamo meus amigos sonetistas

a experimentá-lo, os que ainda não o fizeram. Quem sabe os trovadores que ainda não fazem sonetos possam começar por aí,

afinal os dois quartetos são trovas. Tente! Talvez mesmo uma trova boa possa servir de tema, e 'esticada' para tornar-se um soneto. A brevidade, a síntese, tornam o soneto em redondilha maior muito atraente. Pesquisando, encontrei pouca coisa nos poetas do passado:

De Emílio Menezes:

O VIOLINO

São, às vezes, as surdinas

Dos peitos apaixonados

Aquelas notas divinas

Que ele desprende aos bocados...

Tem, ora os prantos magoados

Dessas crianças franzinas,

Ora os risos debochados

Das mulheres libertinas...

Quando o ouço vem-me à mente

Um prazer intermitente...

A harmonia, que desata,

Geme, chora... e de repente

Dá uma risada estridente

Nos "allegros" da Traviata.

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De Bernardino da Costa, que cultivava mais essa forma:

CROMO XXV

Na alcova sombria e quente

Pobre demais, se não erro,

Repousa um moço doente

Sobre uma cama de ferro.

Pede-lhe baixo inclinada,

Sua mulher — que adormeça,

Em cuja perna curvada

Ele reclina a cabeça.

Vem uma loira figura

Com a colher da tintura,

Que ele recusa, num ai!

Mas o solícito anjinho

Diz-lhe com riso e carinho:

— Bebe que é doce, papai!

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Entre os poetas de hoje, Glauco Mattoso vem se dedicando ao heptassílado, como neste que fez aludindo a uma mensagem de teor biblico que enviei:

A TROVA E A PROVA

(a Pedro Ornellas)

A um confrade trovador

perguntei: "No que acredita?"

Respondeu: "Num Salvador,

na Palavra, em livro escripta!"

Mas pergunto-lhe: "E quem for

incapaz de ler?" Me cita

a Palavra oral: "O Amor

sempre encontra o que o transmitta!"

Vem-me ainda outra questão:

si a Palavra pode ou não

ser verdade ou ser mentira.

Elle pensa um pouco e diz:

"Quem duvida e está infeliz

que comprove e que confira!"

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Finalizo com um dos meus:

INFORMAÇÃO

Segue em seu carro o doutor

na estradinha empoeirada,

quando avista um lavrador

na roça puxando enxada.

Pergunta ao trabalhador:

“Não sou daqui... não sei nada...

pode informar, por favor,

se vai pra Franca esta estrada?”

Franzindo a testa, o caipira,

olha na estrada, suspira,

e na resposta se apressa:

“Si vai num sei, não sinhô...

mais vai sê ruim si ela fô,

que a gente aqui só tem essa!

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Voltaremos com outros assuntos.

Abraço a todos!