O TEMPO PASSA E NÃO VORTA MAIS.
Quase cem anos sobre os ombros, o corpo mal fica de pé.
As pernas entortaram, o andar ficou bambo e o nariz brincou de esticar.
Os cabelos ralos, as profundas rugas, as orelhas pendentes... Por que:
O TEMPO PASSA E NÃO VORTA MAIS.
Quando senta logo adormece, as ‘ouças não andam boas... ’
Os dentes ‘já se perderam’, por isso, ‘desce tudo de supetão. ’
A vista ficou curta, a voz rasteira, preguiçosa...
A cabeça não ‘fonciona’, só se ‘alembra de outrora’... Por que:
O TEMPO PASSA E NÃO VORTA MAIS.
Os ‘fios’ saíram do ninho. Muitos já ‘desceram’ primeiro.
Os netos voaram pra longe, os bisnetos nem viu nascer.
Uma vara pra se agarrar e ‘fazer três pernas...
Uns passinhos curtos pra não entrevar de vez... Por que:
O TEMPO PASSA E NÃO VORTA MAIS.
OUÇAMOS A ANCIÃ, ELA TEM ALGO PRA NOS DIZER:
Sento no batente de casa, acompanho o ‘mover da rua’.
Enquanto todos tem pressa, e nem olham por onde pisa...
Eu vivo o dia de hoje, ‘obreservo’ tudo e acho lindu’ até uma ‘fulor.’
‘Proque’ não sei se ‘aminhã’ essa ‘veia’ tá viva...’Entonce’:
O TEMPO PASSA E NÃO VORTA MAIS.