VIDA, MINHA VIDA
(Vida, minha vida, olha o que é que eu quis...)*
Vida, minha vida, se é para me manter nessa lida
Tão inútil de plantar vento para colher tempestade
Iludido plantando sentimento para colher felicidade
Eu faria tudo de novo: vento e felicidade
E faria tudo de novo outra vez: sentimento e tempestade
Vida, minha vida, olha o que é que eu quis
Que faça de mim então o que bem quiser
Que eu me perca em todos os lugares
Atira-me de todos os andares
Tira-me a imagem de todos os altares
Atiça-me um demônio nos calcanhares
Joga tudo pelos ares ou pelos mares
Joga-me no chão, corta-me a mão e o pão
Esquece-me nos desertos, nos becos, nos bares
Arranca-me do peito o coração e essa emoção
A noção da imensidão dessa desolação
Um pensamento em vão, tira-me a ilusão
Tira-me a noite, o dia, o olhar, a poesia
Finda mesmo tarde essa madrugada fria
Antes do começo do dia que nem amanhecia
Remova-me essa vontade tamanha de mover montanha
E o amor que se perde exatamente no que se ganha
Diminui o feito, a façanha, o desfeito e essa sanha
Joga-me no abismo, no poço, na profundeza, na estrada
Leva-me além, ao sem horizonte para bem distante
E que nenhuma palavra fale e nenhum verso cante
Toda essa vida em que não se vive mais nada
Vida, minha vida, olha o que é que eu quis
Estar distante em todos os lugares
Estar errante de becos, esquinas e bares
E alheado de todos os toques e olhares
Arranca-me essa paixão e essa saudade
A leve impressão de que tudo foi de verdade
E me faça um andarilho em cada cidade
E me faça errar meu nome, sobrenome e a idade
Tira-me o intento, o alento, o sustento
O que me mata a fome, a sede e a vontade
Só não me tira a dor dessa saudade
Que preciso dela para saber que agüento
Um dia esquecer da vida e morrer à vontade
(Poesia On Line, em 29/09/2010)
*O título e o subtítulo foram inspirados na canção "Vida", de 1980, de Chico Buarque.
(Vida, minha vida, olha o que é que eu quis...)*
Vida, minha vida, se é para me manter nessa lida
Tão inútil de plantar vento para colher tempestade
Iludido plantando sentimento para colher felicidade
Eu faria tudo de novo: vento e felicidade
E faria tudo de novo outra vez: sentimento e tempestade
Vida, minha vida, olha o que é que eu quis
Que faça de mim então o que bem quiser
Que eu me perca em todos os lugares
Atira-me de todos os andares
Tira-me a imagem de todos os altares
Atiça-me um demônio nos calcanhares
Joga tudo pelos ares ou pelos mares
Joga-me no chão, corta-me a mão e o pão
Esquece-me nos desertos, nos becos, nos bares
Arranca-me do peito o coração e essa emoção
A noção da imensidão dessa desolação
Um pensamento em vão, tira-me a ilusão
Tira-me a noite, o dia, o olhar, a poesia
Finda mesmo tarde essa madrugada fria
Antes do começo do dia que nem amanhecia
Remova-me essa vontade tamanha de mover montanha
E o amor que se perde exatamente no que se ganha
Diminui o feito, a façanha, o desfeito e essa sanha
Joga-me no abismo, no poço, na profundeza, na estrada
Leva-me além, ao sem horizonte para bem distante
E que nenhuma palavra fale e nenhum verso cante
Toda essa vida em que não se vive mais nada
Vida, minha vida, olha o que é que eu quis
Estar distante em todos os lugares
Estar errante de becos, esquinas e bares
E alheado de todos os toques e olhares
Arranca-me essa paixão e essa saudade
A leve impressão de que tudo foi de verdade
E me faça um andarilho em cada cidade
E me faça errar meu nome, sobrenome e a idade
Tira-me o intento, o alento, o sustento
O que me mata a fome, a sede e a vontade
Só não me tira a dor dessa saudade
Que preciso dela para saber que agüento
Um dia esquecer da vida e morrer à vontade
(Poesia On Line, em 29/09/2010)
*O título e o subtítulo foram inspirados na canção "Vida", de 1980, de Chico Buarque.