A Gorda

Vanessa sempre se deu aos excessos, não só peitos, coxas ou bunda, mas afetos. Deu-se a seus homens de modo integral, na maioria magérrimos, não de corpo, mas espírito, espiritual. Muitos eram gordos, assim, como ela, mas não guardavam gordura na alma, que ela tinha de sobra, fazendo até dobra. A cada novo descaso, mais gordura acumulava. Seu corpo virou um planeta, porém, sua alma, doçura somava. Isso porque, pensava ela, um dia, alguém lhe quereria de fato. E toda aquela energia , a ele ela daria, num prato. Um ele assim poderia comê-la, como e quando quisesse. Frente, verso, esse lado ou aquele, não havia nenhum que a ele ela não desse. E assim foi se dando, a esses homens paupérrimos, gordos ou magros de corpo e, por dentro, magérrimos. Hoje vive com o filho, que fez com um desses. Adora a criança, que ocupa seus interesses. Quanto aos homens, diz ela,” que se fodam, assim, consigo mesmos”. “Se sou um planeta, tenho órbita, trajetória, destino. Busquei um homem como louca, hoje tenho um menino”.

Dassault Breguet
Enviado por Dassault Breguet em 28/09/2010
Reeditado em 28/09/2010
Código do texto: T2525357