ENAMORADO DO CÉU

Quando jovem, numa noite estrelada admirando o clarão de cada botão astral, vi nos confins do firmamento; Jesus e a sua cruz de tormento. Lacrimejaram-me os jovens olhos azuis; a mim suposto fossem os do próprio Cristo. Cai em mim, quem me dera chorar assim. Era e sou um pobre pecador a olhar ao céu colorido de um misterioso e matizado clarão, hipnotizando-me de puro e estranho sentimento. Vislumbrava o Cruzeiro do Sul... Naquele momento ao firmar o meu olhar no firmamento. Fora um xisto.

O poder da nossa imaginação nos arremete aos céus e aos infernos de hoje e de Dante. A Virgílio nos bordéus de terno sem gravata borboleta, enfim a qualquer sentimento sem roleta ou bravata. À vida, ao sonho, ao pódio, ao começo, ao arremeço do final. Pode ser na igreja, na sala de aula a se enamorar da bela professora do pré-primário numa festa de Natal, quiçá, de um padre com uma batina infernal. A desposar-se de um Ph. D cheio de compromissos e horários. A despojar-se de tudo, da vida tão querida, da morte já vivida. Morrer de amor por alguém que vai além da vida. Caminhar sobre quebradiços gravetos sem saber nada sobre isto. Prestar os melhores e os mais vís serviços. Aos pincéis de Daniel ou aos divinos dardos de Lenardo cinzelando Poti em tupi-guarani. Ao buril de um anjo chamado Miquelângelo lavrando a Moisés palído em tons pastéis de seus cinzéis. À Stradivárius solando o seu violino com belo cabo de vassoura da bruxa ali da esquina, apesar de bela menina à Paganini, o mau menino. Passar por Ilíada sem pedir licença a Luiz de Camões que não tem nada com isso. Viajar com o Júlio lendo Os Lusíadas em serviço, em seu Náutilus previsto por Nostradamus. Fazer sexo com a Dama das Camélias. Desfraudar uma bandeira de vitória-régia. E ser bom em tudo isto...

Este assunto dá pano pra manga, e poderia ficar aqui mangando e enchurissando linguiça sem nunca terminar o serviço, somente para ser visto. E pode... Tudo isto?

O nosso pensamento tudo pode.

Bem por isto: “Sonhar é a mais verdadeira forma de viver”!

Naquele momento por pouco, por muito pouco não continuei deus...

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jbcampos
Enviado por jbcampos em 27/09/2010
Código do texto: T2523929
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