Sanidade fragmentada
Não, não me cobre! não posso!
Não posso, pois estou mais do que lúcido:
Estou cegamente ciente do que me cerca.
Por isso não posso, não me cobre!
Espere até que chegue o dia,
No qual a insanidade me cercará.
E então quem sabe transformar-me-ei:
Serei então o tal objeto,
Comum e normal de que sempre fizeste questão.
Sem questionar, sem refletir: uma verdade forjada!
E quando esse dia chegar olharemos um para outro.
Enxergaremos então além de nossas armaduras...
Além de nossos arsenais...
Mas só quando o dia chegar, hoje não!
Hoje estou tão lúcido,
Que nada mais enxergo.
Portanto, não me cobre!
Deixe-me usufruir de minha sabedoria.
Talvez assim me torne apto a encontrar o meu caminho:
Meu caminho de volta para a insanidade.
Ah como era bom!
Existir e viver ao mesmo tempo,
Sem a necessidade de entender.
Agora não posso mais, me desculpe.
Me desculpe e não me cobre mais.