A VIAGEM DO MEU PENSAR...
Viajo. As estradas que percorro trazem paisagens que a minha mente, em vão, tenta decifrar. Algumas vezes, se resumem ao mato seco, ao lado de onde passo, que determina a região sofrida, ausente da ação pluviométrica; outras vezes, elas, as paisagens, se multiplicam em pensares que me induzem além do universo que habito. São turnês que me levam ao âmago do meu mais terno querer. O recorte à minha frente não reflete a imagem criada a partir do meu eu, que, sem prestar muita atenção, cria e desenha os mais variados caminhos por onde passo. Vejo, em minhas excursões mentais, a ave que corre e canta, fugindo do asfalto quente da rodovia e, que, num breve voo, alcança o lugar mais seguro; vejo, na maioria das vezes, a aurora que surge – em minha partida, bem diante de mim – trazendo a limpidez, acompanhada dos raios que dão vida à natureza. Busco, no olhar, sem ver a frente de onde vou, a saudade que me leva a ver, outra vez, o suave rosto de quem também voou para longe, depois de estar ao meu lado. E vejo, uma, duas, três vezes, a campina quase morta, de poucos poços entijucados onde a vida procura o pouco que resta para continuar a viver. Enfim, busco, em minhas viagens, um pouco do que me resta de lucidez, para prestar atenção no que é palpável e que me torna parte integrante, não do desenho imaginativo criado pela minha mente fértil, mas do contexto coletivo de quem, de fato, viaja – seja à procura do que é autêntico, seja na tentativa de encontrar, mesmo devaneando, o concreto dos sonhos, para servir ao ofício que abarcou. A viagem, no entanto, não se resume apenas ao pensar – pura e simplesmente. Ela atravessa os canais que interligam o que se vê e aquilo que apenas queremos ver, numa tentativa de realçar o cinzento do contorno do calvário onde, no seu alto, o cruzeiro resplandece sereno, à espera dos que vão lá a busca de suas melhoras: a fé move montanhas e aproxima mais do Divino e/ou a silhueta de quem caminha por essa mesma estrada, totalmente adversa aos meus pensares, e vai à caça do que levar para casa, a tempo, para ser servido na hora do almoço. Do meu lado esquerdo, o pensar de quem controla, naquele momento, o meu destino. Dele depende o meu futuro, o meu próximo pensar. Arrisco um rabisco de olho para o lado e vejo, no olhar que olha o infinito da estrada, o pensar contido, planejado, concentrado, numa clara visão de que, no exato instante, o pensar é dividido entre a contígua circunflexa à direita e a velocidade com que se chega a ela. Ouso perguntar-lhe, mentalmente, se o pensar sobre uma viagem também se confunde com o irreal dos seus pensamentos sobre a fêmea que cativa – e o deixa nostálgico – e a nitidez das faixas que determinam por onde devemos percorrer a passagem com segurança sem precisar oscilar entre o sonho e a realidade. Viro-me somente no querer e ouço, atrás de mim, vozes. São pensares falados que arrazoam a respeito do que fazemos na vida profissional. Elas, as vozes por trás de mim, continuam a discorrer sem se importarem com o meu pensar tantas vezes contido pelos abruptos aclives que, aquele que nos leva, se vê obrigado a subir. Às vezes, por mais que eu me concentre na viagem do meu pensar, o sacolejar me faz retornar ao meu ponto de partida: naquele em que os meus olhos veem, nítido, o que se passa – de real – à sua frente. Deles, eu volto a enxergar a lucidez da trilha – a visão periférica alterna o norte da chegada com o leste do desejo de voltar ao ponto de onde ela veio: para mais uma apresentação vocacional. Dos temas empregados, o cuidar associa-se ao educar e, juntos, dão início ao processo de formar cidadãos. No meio de tudo, um registro autografado. Simples abstrações de quem procura passar o tempo livre fazendo aquilo que gosta: sonhar e fantasiar se misturam ao pensar poético do autor e transformam a realidade em símbolos de várias definições e medidas – todas em matizes mágicas. Paro, entretanto, o pensar da viagem e me agrupo na edacidade de tornar verídico o que a própria viagem me determinou: cada assinatura, cada reflexão, todas elas se reúnem para dar carimbo ao que escrevo, o que digo por meio de palavras e frases. De repente, a visão mágica do chegar. Rapidamente, o meu pensar se volta para as coisas do coração, aquelas pelas quais vale a pena viver: são emoções contidas, mais uma vez, em barcos que singram mares e tateiam por névoas ainda desconexas – remo por remo –, atrás do maior tesouro que o meu sentimento ainda me permite prever: você. Finalmente, cessa o pensar. De novo, a razão toma corpo e se pergunta por que tanto pensar poético, saudosista. Ele, não admite se mudar do seu universo. Para ele, o que pensamos é sempre aquilo que a realidade nos permite ter. Sorrio apenas e digo, junto com a minha emoção: pobre razão!
Obs. Imagem da internet
Viajo. As estradas que percorro trazem paisagens que a minha mente, em vão, tenta decifrar. Algumas vezes, se resumem ao mato seco, ao lado de onde passo, que determina a região sofrida, ausente da ação pluviométrica; outras vezes, elas, as paisagens, se multiplicam em pensares que me induzem além do universo que habito. São turnês que me levam ao âmago do meu mais terno querer. O recorte à minha frente não reflete a imagem criada a partir do meu eu, que, sem prestar muita atenção, cria e desenha os mais variados caminhos por onde passo. Vejo, em minhas excursões mentais, a ave que corre e canta, fugindo do asfalto quente da rodovia e, que, num breve voo, alcança o lugar mais seguro; vejo, na maioria das vezes, a aurora que surge – em minha partida, bem diante de mim – trazendo a limpidez, acompanhada dos raios que dão vida à natureza. Busco, no olhar, sem ver a frente de onde vou, a saudade que me leva a ver, outra vez, o suave rosto de quem também voou para longe, depois de estar ao meu lado. E vejo, uma, duas, três vezes, a campina quase morta, de poucos poços entijucados onde a vida procura o pouco que resta para continuar a viver. Enfim, busco, em minhas viagens, um pouco do que me resta de lucidez, para prestar atenção no que é palpável e que me torna parte integrante, não do desenho imaginativo criado pela minha mente fértil, mas do contexto coletivo de quem, de fato, viaja – seja à procura do que é autêntico, seja na tentativa de encontrar, mesmo devaneando, o concreto dos sonhos, para servir ao ofício que abarcou. A viagem, no entanto, não se resume apenas ao pensar – pura e simplesmente. Ela atravessa os canais que interligam o que se vê e aquilo que apenas queremos ver, numa tentativa de realçar o cinzento do contorno do calvário onde, no seu alto, o cruzeiro resplandece sereno, à espera dos que vão lá a busca de suas melhoras: a fé move montanhas e aproxima mais do Divino e/ou a silhueta de quem caminha por essa mesma estrada, totalmente adversa aos meus pensares, e vai à caça do que levar para casa, a tempo, para ser servido na hora do almoço. Do meu lado esquerdo, o pensar de quem controla, naquele momento, o meu destino. Dele depende o meu futuro, o meu próximo pensar. Arrisco um rabisco de olho para o lado e vejo, no olhar que olha o infinito da estrada, o pensar contido, planejado, concentrado, numa clara visão de que, no exato instante, o pensar é dividido entre a contígua circunflexa à direita e a velocidade com que se chega a ela. Ouso perguntar-lhe, mentalmente, se o pensar sobre uma viagem também se confunde com o irreal dos seus pensamentos sobre a fêmea que cativa – e o deixa nostálgico – e a nitidez das faixas que determinam por onde devemos percorrer a passagem com segurança sem precisar oscilar entre o sonho e a realidade. Viro-me somente no querer e ouço, atrás de mim, vozes. São pensares falados que arrazoam a respeito do que fazemos na vida profissional. Elas, as vozes por trás de mim, continuam a discorrer sem se importarem com o meu pensar tantas vezes contido pelos abruptos aclives que, aquele que nos leva, se vê obrigado a subir. Às vezes, por mais que eu me concentre na viagem do meu pensar, o sacolejar me faz retornar ao meu ponto de partida: naquele em que os meus olhos veem, nítido, o que se passa – de real – à sua frente. Deles, eu volto a enxergar a lucidez da trilha – a visão periférica alterna o norte da chegada com o leste do desejo de voltar ao ponto de onde ela veio: para mais uma apresentação vocacional. Dos temas empregados, o cuidar associa-se ao educar e, juntos, dão início ao processo de formar cidadãos. No meio de tudo, um registro autografado. Simples abstrações de quem procura passar o tempo livre fazendo aquilo que gosta: sonhar e fantasiar se misturam ao pensar poético do autor e transformam a realidade em símbolos de várias definições e medidas – todas em matizes mágicas. Paro, entretanto, o pensar da viagem e me agrupo na edacidade de tornar verídico o que a própria viagem me determinou: cada assinatura, cada reflexão, todas elas se reúnem para dar carimbo ao que escrevo, o que digo por meio de palavras e frases. De repente, a visão mágica do chegar. Rapidamente, o meu pensar se volta para as coisas do coração, aquelas pelas quais vale a pena viver: são emoções contidas, mais uma vez, em barcos que singram mares e tateiam por névoas ainda desconexas – remo por remo –, atrás do maior tesouro que o meu sentimento ainda me permite prever: você. Finalmente, cessa o pensar. De novo, a razão toma corpo e se pergunta por que tanto pensar poético, saudosista. Ele, não admite se mudar do seu universo. Para ele, o que pensamos é sempre aquilo que a realidade nos permite ter. Sorrio apenas e digo, junto com a minha emoção: pobre razão!
Obs. Imagem da internet