Coração de Papel
Não! Não guardarei mágoa alguma,
nem tão pouco alimentarei rancores!
Meu coração, humildemente, lhe entreguei.
E você, totalmente alheia aos meus sentimentos,
picou-o impiedosamente em mil pedaços,
tal qual se pica um pedaço de papel qualquer,
e como se fosse um punhado de confete,
envolveu-os fortemente em uma das mãos,
a mesma que lhe entreguei o meu coração,
e os lançou impiedosamente a vontade do vento.
Não! Não nutrirei ódio algum,
nem tão pouco alimentarei rancores!
Pois quantos corações você rasgar,
tantos corações desenharei novamente!
E toda vez que te encontrar pela rua
ofertar-vos-ei um dos meus corações.
E mesmo que você torne a picá-los em mil pedaços,
não me importarei nem um pouco com isso,
pois sou tão persistente como são
persistentes as folhas das laranjeiras.
Vos ofertarei quantos corações forem precisos,
para poder ouvir um dia dos teus lábios
o perdão que minha alma tanto necessita.
Tenho todo tempo do mundo para desenhar
quantos corações apaixonados eu quiser.
E quem sabe assim um dia eu possa ter também
o seu coração desenhado em batom
no mesmo papel onde desenhei o meu.