CLAMORES DA MASMORRA
Meu espírito, neste mês, andou vagabundeando
pelos reinos do século XVIII.
Lá fora, corre a vida
Aqui, a lágrima... corre a dor.
Quão penosas são estas celas,
Quero conhecer mares, viver procelas,
Respirar, enfim!
Mas onde foi que errei? Que crime cometi?
“Ide, justiceiro!... Vá em busca de malfeito meu!”
E assim que ouviram correram todos! Rebuscaram o meu impoluto passado e o que encontraram? Nada! Só encontraram ninharias! Nada me incriminou. Onde pois a culpa, o erro?
Daí novamente me perguntar: com que olhos me olharam, com que leis me julgaram, que justiça me fizeram? Esta, --- a que dizem, a justiça --- é a fonte perversa da dor. E rogo aos céus não haja menor castigo a quem maquinou tal excrescência, base desse maldito sepulcro, despido de lápide sequer.
Desafeto dessa cruel materialidade resta-me unicamente apelar ao alto:
“Pai, quais potestades por teu filho vela,
Quem são, ó Pai, aqueles que meu destino sela,
Ante a inclemência desse desatino?”
Aqui, o algoz infame recrimina: “Sonha, infeliz, sonha! Esta, a única liberdade consentida. Em ti, há de perenizar a desdita!”
“Até quando serei ábaco humano?
A contar dias, meses e anos,
Na escalada fria dos desenganos
Tornando-me assim, débil insano?”
Eu que fui senhor de vontades,
De sentimentos até,
Quanto ouro tive aos meus pés!
Extensas propriedades,
Não digo vidas, hereditariedades,
Tudo! Todos dependentes de mim!”
Hoje, o que me restou? ... Sentimentos?!!! ... Esses, tiveram-nos por mim. Mas não extinguiram a chama da vingança; não conseguiram arrancar a força geradora do meu ódio!
Não falo na ignomínia da imunda cela, a irresignação tanta não permite ir aquém da fria desventura.
“Que a última vaga deixe o mar,
O último raio de sol se apagar,
Hei de viver, hei de vencer!”
Confesso, finalmente, não me doer a própria carne, a alma sim, lacera! Justo, ó Pai, é preciso perdoares o corpo e refazeres a minha alma!
Não há súplica aos verdugos.
Há misericórdia em ti, Senhor?
Meu espírito, neste mês, andou vagabundeando
pelos reinos do século XVIII.
Lá fora, corre a vida
Aqui, a lágrima... corre a dor.
Quão penosas são estas celas,
Quero conhecer mares, viver procelas,
Respirar, enfim!
Mas onde foi que errei? Que crime cometi?
“Ide, justiceiro!... Vá em busca de malfeito meu!”
E assim que ouviram correram todos! Rebuscaram o meu impoluto passado e o que encontraram? Nada! Só encontraram ninharias! Nada me incriminou. Onde pois a culpa, o erro?
Daí novamente me perguntar: com que olhos me olharam, com que leis me julgaram, que justiça me fizeram? Esta, --- a que dizem, a justiça --- é a fonte perversa da dor. E rogo aos céus não haja menor castigo a quem maquinou tal excrescência, base desse maldito sepulcro, despido de lápide sequer.
Desafeto dessa cruel materialidade resta-me unicamente apelar ao alto:
“Pai, quais potestades por teu filho vela,
Quem são, ó Pai, aqueles que meu destino sela,
Ante a inclemência desse desatino?”
Aqui, o algoz infame recrimina: “Sonha, infeliz, sonha! Esta, a única liberdade consentida. Em ti, há de perenizar a desdita!”
“Até quando serei ábaco humano?
A contar dias, meses e anos,
Na escalada fria dos desenganos
Tornando-me assim, débil insano?”
Eu que fui senhor de vontades,
De sentimentos até,
Quanto ouro tive aos meus pés!
Extensas propriedades,
Não digo vidas, hereditariedades,
Tudo! Todos dependentes de mim!”
Hoje, o que me restou? ... Sentimentos?!!! ... Esses, tiveram-nos por mim. Mas não extinguiram a chama da vingança; não conseguiram arrancar a força geradora do meu ódio!
Não falo na ignomínia da imunda cela, a irresignação tanta não permite ir aquém da fria desventura.
“Que a última vaga deixe o mar,
O último raio de sol se apagar,
Hei de viver, hei de vencer!”
Confesso, finalmente, não me doer a própria carne, a alma sim, lacera! Justo, ó Pai, é preciso perdoares o corpo e refazeres a minha alma!
Não há súplica aos verdugos.
Há misericórdia em ti, Senhor?