Pinceladas de Carinho


No vespertino crepúsculo
dormitava o poeta embalado
pela sonoridade das ondas
que arrebentavam no rochedo.
Sonhava com um poema
deslumbrante tal qual
a imagem que passeava
em seu sonho.
Seria apenas açoite do vento
ou estímulo poético
a ditar versos involuntários?
O cansaço de fim de tarde,
os olhos pesados, que insistiam
não despertar do sonho.
A folha solitária sobre a mesa
inquieta, movia-se ao
som do vento, num repente
pousou sobre a tela do cavalete.
Implorava pinceladas
de carinho poético.
Tudo que desejava era 
absorver os versos multicores
estampando sua face branca.
O véu que havia naqueles olhos
pesados,rasga-se num despertar célere.
Um estupefato brilho se fez presente.

Enfim, era hora emoldurar
a paisagem com a qual
acabara de sonhar.


Diná Fernandes