Sinfonia

Hoje acordei e revirei meus trapos velhos. Feitos com as palavras soltas e versos perdidos cheios de rimas desconexas e emoções insignificantemente gigantes.

Tentei me achar nas linhas das palavras que meu espírito regurgitou em momentos de dor, alegria e amor. Mas eu não estava lá. Encontrei um garoto solitário e cheio de drama, uma criança indefesa à procura do pai que está ao seu lado e tão distante. Aquela criança que mente sob as mentiras da mãe que mente dizendo não conhecer seu filho.

Tentei encontrar qualquer traço, ou mesmo resquício do que eu sou hoje naqueles versos e não encontrei nada, nem numa silaba, nem mesmo num fonema. E continuei caçando entre os sacos pretos e fétidos por qualquer razão de existir e ser o hoje. Mas não há mais passado pra mim.

Joguei fora tudo, como se aquilo fosse o lixo da semana. O odor realmente revirava meus olhos e meu estômago reclamava. Me senti livre, limpo e mudo.

Não havia nenhuma mínima poesia que tivesse os rastros da fera indomada que eu era.

Nenhuma descrição poética dos meus traços fortes e sensuais...

Apenas a sinfonia.

Luan Silva
Enviado por Luan Silva em 21/09/2010
Código do texto: T2510653
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