Madeira de Lei
Aos poetas de plantão nessa noite cercada,
Se tu tens orgulho e eu violão, celebremos.
Milhares de nós, por aí, estão a difamar nossa língua;
A língua que beija, que unge, que punge e se aproveita;
Da quede e breve cinza, um crepúsculo feneceu;
Extinguiu-se de mansinho, como léguas almoçadas pela lebre;
Sete tormentas aos que me ouvem com olhos de seringueira;
Sabes, ali há um mundo. Nele cavarei minha sepultura lígnea;
Com o tempo, cercar-me-ão carvalhos sem bugalhos; prezar-me-ão!
Far-me-ão generosa sombra as folhas, com siso, do amarrotado pinho (as sobras de lume que o mosto fervia, ceá-las-ei com balsâmico acético);
E não tenho fúfia esperança nem terei ventura de contar com os anjos;
Minhas sonatas enaltecerão cumplicidades - abutres túrgidos que me compeliram na vida;
Abraço o leso e companheiro pinho, e tento roubar de suas cordas, bruxarias e vaidades, as mesmas entidades bebedoras de chás das cinco;
Destampo a botelha desamparada no fundo da mesa e mergulho no néctar que fulmina a dor de parto (mas dilacera a dor do peito), os neurônios sociáveis e aniquiladores a trafegar na treva iluminada da nulificação do meu ser.