Impunidade

Não, ainda não é primavera, mas os dias claros, claros de doer na pele, trazem intervalos verdes, amoras, girassóis, areias com macieza de talco, agudezas, sobressaltos.

Cantarolo uma letra qualquer. Qualquer uma serve enquanto enraízo versos na planura das folhas em branco.

Os gestos se acomodam pelos espaços. Alguma saudade se guarda, dobrada mas indolente como pano de seda numa prateleira.

Água de fonte, jardim, bando de aves perdido na imensidão barulhenta, própria da alegria.

Sorrio, impune dessa felicidade.

Cissa de Oliveira
Enviado por Cissa de Oliveira em 19/09/2010
Reeditado em 26/02/2011
Código do texto: T2507081