SOB O OLHAR DE UMA AZALÉIA

Me olhas com estes teus botões nascendo,

tão pequeninos e já espiando

esse retiro dos meus olhos -

porque às vezes te olho sem te ver,

quando estou longe, arqueando

os meus sóis sob este peso

das minhas saudades.

E quando descem as sombras, venho a ti.

Venho tirar-te o corpo,

desnudar-te, para vestir a minha alma.

E entrego-o sobre a terra fria,

em nome de um sentimento que tem ainda

dentro do meu peito a cor do sol

e o brilho de todas as estrelas.

Te peço perdão por esse ato de covardia.

E de coragem. Vais murchar sobre o chão,

mas renascer no âmago de minha alma.

Vais adornar aquele átrio de esperança

do templo daquele que aqui dorme (*)

para que essa minha linguagem de mudo amor

o acorde e ele te olhe, te sinta, te ame,

e me ame em ti,

serva fiel do que de belo

ainda conservo em mim:

essa saudade viva

e o respeito por ti.

(Direitos autorais reservados)

(*) meu cãozinho "Pequenino" (09.01.1997-18.08.2010)