Merlim viu o apocalipse (Roteiro de monólogo)

Antes de tudo, consiga uma bacia ou um caldeirão de alumínio, ou de qualquer outro metal. E uma roupa preta, como um capuz, um manto, algo para Merlim usar, digno de Merlim que seja preto. Pode-se colocar em algum lugar do cenário um suporte com aqueles livros gigantes aberto.

Merlim olha para o público e diz:

- RRRRRRRRRRRESPEITÁVEL PÚBLICO! Não! Ops, é... bem, não é que você não seja respeitável, claro que são dignos de respeito, mas dizem que os humanos atualmente chamam este tratamento de coisa de palhaço, e estou aqui para dizer algo sério, seríssimo. Escutem, senhoras, senhores, crianças, e criaturas mágicas que estão aí entre vocês!

(diz isso apontando para a platéia, e meio que fala pra si mesmo)

Bem, eles não podem ver, afinal são invisíveis para humanos. Ah, Eu sou Merlim, e estou aqui para... falar sobre um sonho, sim sim mestre...um sonho....DO MAL!

( e Merlim dá uma risada maléfica, logo virando-se de costas e balançando freneticamente a cabeça).

- Desculpem, desculpem. É um dos meus eus interiores, eles não estão de bom humor

( Merlim pode promover uma discussão entre os eus interiores, ainda de costas. Depois vira-se e continua com a voz normal).

Acho que eles fizeram uma trégua, então, que continuemos. Um humano, sim, um humano como vocês sonhou como todos vocês, e não eu, sonham. (para si mesmo:Bem, é...eu não sonho há séculos...) Em seu sonho, o humano viu prédios. Prédios de concreto. E do nada, ou melhor, e como mágica, os prédios PUFF! Criaram raízes. Raizes de concreto. E as raízes de concreto começaram a sugar a vida do planeta. E o planeta virou um mundo cinza, árido, e sem cor. (Merlim começa a andar de um lado pro outro, falando consigo mesmo: "que decadência, na minha época o mundo era mágico, e pessoas tinham auras interiores, e cada uma delas tinha um cor única! Sim, o mundo não era um mundo cinza, era um mundo colorido. Mas não aquele colorido de uma peça de cada cor, o colorido da vida, da magia, do... do cosmos!" E quando se dá conta que está "viajando" de mais, volta ao assunto).

Porém esse sonho não foi um mero sonho. Foi um aviso, uma profecia. E outra profecia está para vir. Música, por favor!

( começa a tocar o bolero de ravel. Eu vou usar uma versão resumida, por que o bolero é enorme, e ele completo não dá certo pra essa coisa. Merlim, ao som do bolero começa jogar ingredientes invisíveis no caldeirão/bacia, pegar frascos, meio dançando, meio maestrando o bolero, meio tocando instrumentos invisíveis, por vezes tropeçando e se atrapalhando, parte do puro improviso. Ao terminar o bolero Merlim senta-se em frente ao caldeirão/bacia e fica concentrando-se. Começa a tocar "A dança das borboletas", de Zé Ramalho. Merlim levanta-se contorcendo-se com o que viu, e aqui a criatividade pode ser usada de várias formas. O Merlim pode interpretar a música com uma espécie de mímica, com alguma coreografia, ou pronunciar a letra da música de modo sombrio. Eu usarei a coreografia com um pouco de mímica. Assim segue-se até o fim da música. Fim do monólogo. O monólogo foi escrito para tratar da música de Zé Ramalho (A dança das borboletas) e sobre sua obra em geral. Foi usada também o bolero de ravel por ela ser tocada na praia do jacaré por Jurandir do Sax, e a feira para a qual foi destinado originalmente o monólogo (feira que ainda irá acontecer) tem como tema principal artistas e cultura da paraíba. então considero importante ressaltar após o monólogo alguma explicação sobre a dança das borboletas. Sobre o apocalipse da qual ela fala, sobre as borboletas no papel de mãe natureza que está cansada de ser destruída e resolve destruir a obra humana. Ou seja, sobre o fim do mundo que nós conhecemos. É como se os anticorpos agissem contra uma doença, esses anticorpos fossem as borboletas, e a doença fosse a destruição que o homem provoca.

Ah é, ainda vou enviar isso pro meu professor analisar, e mostrar pra algumas pessoas, então está sujeito a edições. Nunca tinha escrito um monólogo, nem apresentado um. ( Sou eu que vou apresentar essa insanidade aí toda que você leu lá na feira.) Então, espero que fique legal. E...é só. Ah, valeu pelas leituras aí, e desculpa por não ter como ler de volta todo mundo, minha net está sem previsão de volta ao normal. Talvez a tempestade antes de uma calmaria. Vai saber. Já abusei de mais da net da minha amiga, fui!