[Táctil Ser]
[Reler é que é importante,
mas só relê quem... revisita-se?]
Vinha do teto branco,
onde os meus olhos se perdiam;
e... ah, que eu ouvi, ouvi,
não tenho dúvida — foi assim ó:
"— Menino, desce dos teus sonhos
e fale-me de tuas carências,
conte-me como pensas que és,
e também, como gostarias de ser!"
Ao que respondi:
“Meu espírito é famélico:
alimento-me da minha fome;
mas sou pura tactibilidade de ser;
apreendo com as minhas moléculas,
pois elas têm uma envoltória permeável,
pronta a ser invadida! —
Eu surpreendo o mundo,
e preencho os [meus] vazios
com insignificâncias atomizadas!
... Gostaria mesmo é de nada ser”
[Penas do Desterro, 16 de dezembro de 2004 ]