A ironia é o primeiro indício de que
a consciência se tornou consciente.”
(Fernando Pessoa)



São tantos os perigos desta vida
Tudo por um fio, quase por um triz
Idas e vindas, cruezas infindas
Esse ir e vir incessantemente
Partidas sem despedidas
E despedidas não consentidas
Os passos, os descaminhos
Os indesejáveis desencontros
E os intragáveis desencantos
Tantos lados tão desconexos
Mistérios e segredos tão complexos
Os destinos e os seus desatinos
A sina nunca tão bem vinda
O corte duma adaga, o soar de sinos
Um trem vindo, um trem partindo
Malas prontas e malas desfeitas
Gente chorando, gente sorrindo
Amores partidos, paixões imperfeitas
Gente nascendo e gente morrendo
Gente gozando e gente sofrendo
Ações boas e as ações malfeitas
Gente anônima e gente na berlinda
Gente tão feliz e gente insatisfeita
E gente que crê que seja tão linda
A vida que espera além da vida
Vida que se aproveita e desaproveitada
Enquanto amanheço, entardeço e anoiteço
E eu com a poesia vou me desentendendo
No que me lembro e no que me esqueço
No que não sei como ou se padeço
No que aos poucos vou aprendendo
Toda essa contingência de ter mais um dia
Na inconsistência da ironia de estar vivendo...

 
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 14/09/2010
Reeditado em 02/08/2021
Código do texto: T2496715
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