Chuva de Pedra (Lágrimas de Clarisse)
Hoje foi mais um dia daqueles que me ‘’acordo sonhada’’,
Esperando a desrealização ir embora.
Levantei pra ver se o sol estava me esperando com seu vermelho radiante
Mas o céu se fechou, e fiquei aqui com Clarisse.
E foi quando as nuvens choraram (e eu que queria um banho de chuva...)
Fui tomar banho de banheira,
Assistindo o cair da chuva pela janela
Atrás do vidro, pelo vidro, a tarde inteira.
E de repente um barulho no teto, no vidro, no chão.
Era a chuva de pedra
A chuva de sim
A chuva de não...
Chuva de pedra
Céu de prata,
Nuvens de fumaça
Homens de lata.
Poças de sede
De pedra e de cor;
Céu de mar
Chão de dor.
Chuva de alma
Chuva de calma
Céu vermelho-acinzentado
Refletindo clarão
A pedra que bate na água
Se quebra, se parte...
E se NÃO!
Desmancha nas ondas turvas
Da água que cai da nuvem,
Que cai a chuva,
Depois no chão.
Cinza de nuvem
Branco de flor
Dia de noite
Chuva de prata
Chuva de lua
Chuva de casa
De poste, de vidro
E de rua.
Deitei o rosto no vidro, e da janela saciei a sede de céu,
Adormeci na palma da mão no barulho e encostada na porta, no vão
Com a chuva de pedra,
Escutando a chuva
Chuva de sim
Chuva de não.
Não sei se eram lágrimas de Clarisse
Ou lágrimas de Lira
Mas eram as lágrimas, as lágrimas de prata, de lata
E de solidão.