Chuva de Pedra (Lágrimas de Clarisse)

Hoje foi mais um dia daqueles que me ‘’acordo sonhada’’,

Esperando a desrealização ir embora.

Levantei pra ver se o sol estava me esperando com seu vermelho radiante

Mas o céu se fechou, e fiquei aqui com Clarisse.

E foi quando as nuvens choraram (e eu que queria um banho de chuva...)

Fui tomar banho de banheira,

Assistindo o cair da chuva pela janela

Atrás do vidro, pelo vidro, a tarde inteira.

E de repente um barulho no teto, no vidro, no chão.

Era a chuva de pedra

A chuva de sim

A chuva de não...

Chuva de pedra

Céu de prata,

Nuvens de fumaça

Homens de lata.

Poças de sede

De pedra e de cor;

Céu de mar

Chão de dor.

Chuva de alma

Chuva de calma

Céu vermelho-acinzentado

Refletindo clarão

A pedra que bate na água

Se quebra, se parte...

E se NÃO!

Desmancha nas ondas turvas

Da água que cai da nuvem,

Que cai a chuva,

Depois no chão.

Cinza de nuvem

Branco de flor

Dia de noite

Chuva de prata

Chuva de lua

Chuva de casa

De poste, de vidro

E de rua.

Deitei o rosto no vidro, e da janela saciei a sede de céu,

Adormeci na palma da mão no barulho e encostada na porta, no vão

Com a chuva de pedra,

Escutando a chuva

Chuva de sim

Chuva de não.

Não sei se eram lágrimas de Clarisse

Ou lágrimas de Lira

Mas eram as lágrimas, as lágrimas de prata, de lata

E de solidão.

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 12/09/2010
Reeditado em 12/09/2010
Código do texto: T2493725
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