DOMINGO É DIA.
Domingo é dia de missa. Domingo é dia de preguiça. Domingo é dia. Ler um livro de Pessoa, Clarice Lispector, Carlos Pena Filho, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, domingo é dia. Liturgia do amor, da solidão consentida, do adeus em despedida, quem te viu quem te via, domingo é dia. Um almoço em família, uma mata, uma trilha, uma linda cachoeira em véu, um por de sol, um par de céus numa noite que não se via, domingo é dia. Um toque na porta a sobressalto, um susto do amor que volta, um som no carro, um sarro descontraído, amores sãos, quem fazia (?), domingo certamente é dia. Um parque, uma pipoca, um filme a dois juntinhos, um charme, um calor, um carinho, um beijo doce abraçadinho, um cantarolar, um solfejo, uma ventania, domingo é dia. Um quarto escuro, uma sesta, um flerte, uma veste solta, um disco de Saint Prieux, uma sonata de Vivaldi, uma peça de Chopin, uma boa coberta, domingo na certa é belo dia. Um pouco de sol, um muito de mar, amar não é muito, muito bom é sonhar e domingo é dia. Um balanço da vida, um refletir do que fomos um consentir do que queremos, quem diria, domingo é dia. Domingo é dia, segunda é depois. Depois da vida, sobramos nós dois sem letargia, pois domingo é dia. Domingo pede cachimbo, mas fumante não sou. Dormindo sigo, domingo vou e quem diria, domingo é dia...
CARLOS SENA, DE BOM CONSELHO-PE.