Os Segredos dos Meus Escritos
No intróito do dia desperto ainda com sono. O sol ainda não raiou, mas meu dia começa nas últimas trevas da noite que se esvai: nunca entendi o porquê.
Talvez sejam meus demônios que me abram os olhos para imprecar sobre mim, querem fugir da luz iridiscente que virá com o dia; eles sabem que gosto de escrever no intervalo trevas-luz, querem testemunhar: sinto-me andando nas fragas do meu inconsciente... .
Começo então a escrever, em meio a um silêncio que me dói os ouvidos somente em imaginar. Minhas palavras saem mudas, parecem que estão a se exaurir. Quando estou assim, contento-me em escrever fragmentos sobre a destruição...ela faz da vida uma tela de belezas.
A tristeza não existe para mim, é apenas uma cosmovisão de alguns alheios desavisados...Dane-se! continuo escrevendo alegremente.
Sangue. Suicidio. Grito. dor, o horror que está alojado em um gene meu... São palavras que fascinam minha mente e querem compor meus escritos: amo pesadelos, são meus maiores sonhos!
O idílio também me atrai, mas não com força suficiente: a de um espírito infernal...É insípido escrever sobre o amor: faz os outros felizes para sempre... Todos sabem, todos dizem, isso basta!
Confesso que às vezes fico em conflito sobre o que devo redigir nas minhas linhas tortas. Disseram-me que sou certinho, um anjinho...Não quero quebrar essa imagem mentirosa para mim, mas verdadeira para outros: culpados são eles que sempre exageram!
Mas se um dia, tomado de ódio e em adsorção com a própria morte, resolver desvendar os segredos de como eu escrevo, direi palavras como estas, para adormentar os que irão ler... Quem sabe em meio a um sono tenebroso os adormecidos vejam um agoureiro a dizer sobre mim:
" Este foi vítima de um agramatismo, e tomando um agmi, expressa um delírio seu... Talvez nesta vida, quem sabe após a morte, quisá em outra vida...certamente o aguarda um secesso Silogeu".
O Bruxo