Milhões de Arranhões
Um vento sombrio. Uma chuva negra. Alguns raios mortíferos.
Tudo isso estava na tempestade que caia na rua onde ficava minha casa: Eu a observava pela janela de vidro que não tinha arranhão, já, em minha vida, havia milhões.
Milhões de arranhões dolorosos em minha alma.
Milhões de arranhões malignos sem calma: um destruidor e negro trauma!
Os adquirira quando observara piedosamente o que todos enxergavam, mas que ninguém queria ver.
Os miseráveis, marginalizados, os excluídos, lado a lado.
Também os ouvia.
Seus gritos de dor, sussurros de horror, um escarcéu a um mundo sem amor.
Era assim que estava assim dentro de mim.
E ali, observando a tempestade cair, refletia sem um fim.
Haveria solução para os que são vítimas dessa exclusão?
Seria Deus o que estenderia a sua mão?
Ou seria ele próprio o pai de tal situação?
Atormentava-me àquela questão.
Nascia em mim outro aranhão.
O Bruxo