Milhões de Arranhões

Um vento sombrio. Uma chuva negra. Alguns raios mortíferos.

Tudo isso estava na tempestade que caia na rua onde ficava minha casa: Eu a observava pela janela de vidro que não tinha arranhão, já, em minha vida, havia milhões.

Milhões de arranhões dolorosos em minha alma.

Milhões de arranhões malignos sem calma: um destruidor e negro trauma!

Os adquirira quando observara piedosamente o que todos enxergavam, mas que ninguém queria ver.

Os miseráveis, marginalizados, os excluídos, lado a lado.

Também os ouvia.

Seus gritos de dor, sussurros de horror, um escarcéu a um mundo sem amor.

Era assim que estava assim dentro de mim.

E ali, observando a tempestade cair, refletia sem um fim.

Haveria solução para os que são vítimas dessa exclusão?

Seria Deus o que estenderia a sua mão?

Ou seria ele próprio o pai de tal situação?

Atormentava-me àquela questão.

Nascia em mim outro aranhão.

O Bruxo

Lui Jota
Enviado por Lui Jota em 11/09/2010
Código do texto: T2492190
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