PROSA POÉTICA AO MEU FILHO

Passivamente,

sem dizer sim, ou não,

você, meu filho,

se tornou o sujeito e o objeto

do presente texto.

Constitui-se em uma doce presença

a primeira emoção ritualizada

enquanto fita

o que existe no seu mundo

uma ilha inacessível

que sacode as mãos

um útero eterno

de bem-querer

que se deixou

nascer diferenciado

A presente elucidação

é uma forma de fazer justiça

ao dono da matéria que tornou possível

a realização de tanta inspiração

Perdão, por haver invadido a sua privacidade,

e, assim, relatar episódios de sua vida

em forma de alentos e pequenas obras

Inseridas na cronologia dos anos e do autismo

E, assim, eu fui aprendendo, amando

Ao longo desta caminhada

Se alguém nos deu a mão

foi por entendimento

Era ator e autista também

Se ficou alguém para trás

Perdoar e perdoar, devemos

Pobres daqueles que não sabem

que a vida terrena é um eterno autismo

para a aprendizagem da vida espiritual

O que levamos deste mundo?

A não ser a doce e faceira

experiência do conhecimento

Aquilo que, paradoxalmente,

não costumamos perceber,

São sentimentos de

estupor e incompetência

as mais duras penas

para compreender...

E você, meu filho, seguirá,

Até onde Deus mandar

Como um trilho invisível

Do Seu próprio amor

Uma melodia oculta

Que me mostra

a diferença da sua poesia

E também me faz

nascer todos os dias...

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 10/09/2010
Código do texto: T2490528
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