Neuroses
Acordei estranhamente no meio daquela noite: sentia um mar convulso inundar o meu interior sem me pedir permissão. Essas circunstâncias sempre foram comuns a mim, mas não assim, de repente, abruptamente; tornando-me um refém do desconhecido.
Tentei resistir àquela invasão.
Fechei meus olhos e embrulhei minha alma com o meu lençol azul marinho; pretendia dormir, invocar o sono, mas não consegui.
Ondas. Mares. Tufões. Tudo estava dentro de mim; tão dentro que temia o afogamento do meu espírito. Se é que tinha – ou tenho - um.
Em um instante comecei a ouvir vozes neuróticas que gritavam de uma imensidão da qual não pertenço mais: a imensidão dos mitos, do empírico; principalmente do religioso um tanto lírico.
Imensidão:
Pode. Não pode. Certo. Errado. Santo. Pecado.
Templos. Violões. Livros. Ilusões.
Estava ali, habitava ali: Cercado de tudo isso, menos de mim.
E naquela noite tão linda eu sofria uma tentativa de invasão, mas a origem já conhecia, a causa daquela perturbação; eram as neuroses a perseguir-me, utilizando-se de opressão...Foi assim...Foi em vão... .
Fechei a porta da minha alma no rosto daqueles conceitos e sentimentos que nascem do sombrio, do recalcado; deitei-me para dormir enquanto expressava, admirado: como são ousados esses sentimentos ultrapassados.
O Bruxo