DESAPEGO

Essas palavras agora, tão sorrateiras
Que escapam de mim vagarosamente
Falam de emoções tão derradeiras
E vão morrendo aos poucos, silenciosamente
Nada mais falam de mim, aquietadas
Disfarçam essa dor tão displicentemente
Que essa dor espalha-se pelas madrugadas
E amanhece em mim a doer impunemente
Essas palavras agora, tão angustiantes
Assombram-me nos distraídos momentos
De repente quase esquecem o tudo antes
E o quanto antes matam esses sentimentos
E assim que somos pobres ventos errantes
E hesitantes esquecemos de outros ventos
E assim somos só a sombra dos amantes
Que trazem apartados seus pensamentos
E manda a mágoa e o orgulho vivermos distantes
O mais próximo que estamos dos ressentimentos
Mas são esses tolos sonhos de palavras delirantes
Que me trazem a força dos maiores pressentimentos
Essas palavras agora, assim tão suplicantes
Pensam e querem e pensam que querem e pensam
Uma coisa qualquer dita só mesmo aos amantes
E quanto mais querem, querem mais e não pensam
Que depois do fim tudo volta a ser como antes
E depois não querem mais e esquecem o que pensam
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 10/09/2010
Reeditado em 01/08/2021
Código do texto: T2488844
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