NOITE

O cessar da chuva impregna o ar com um cheiro doce

Terra molhada a exalar odor invade as narinas

Pensamento remonta a antiga praça, cujo arvoredo servia de abrigo ao riso juvenil

O cheiro molhado vertente de labirínticas zonas entorpece e enrijece os mamilos. Há muito sente os suspiros das folhas que desprendem-se e voam... lábios entreabertos murmuram segredos enquanto colhem das pétalas almiscarado perfume. Cerra os olhos. O orvalho contorna os seios e pende sobre o ventre liso, numa carícia rude ... São mãos que o acolhem, embriagadas pelo torpor das coxas trêmulas, olhar febril, cabelo desalinhado... Escorre pela terra a fertilidade. O vento frio encerra a noite ao fechar as janelas... E sente o ruído de gotas, descendo pelo telhado.

Sandra Vilela (Eternellement)
Enviado por Sandra Vilela (Eternellement) em 09/09/2010
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