[Viagem Solitária]

Na solidão alheia — nem trisco mais!

Em outros tempos, fui temerário;

mas já paguei altos penhores,

sofri inundações, amolações,

pegajosidades, e tudo por me julgarem

apto a quebrar velhos muros... ou pior:

capaz de preencher tristes vazios

deixados por outros...

Bulir com a solidão alheia

é como libertar demônios;

a gente bem pode ter

que abraçar um deles...

Ou pior: vários, vários!

Solidão? Mal dou conta da minha!

Somos seres [disponíveis] para visitações,

e não para o sofrimento da posse:

olhar, admirar, sonhar, desejar,

e se possível, tocar, e até sentir...

Mas depois, é partir de mãos vazias,

pois é na partida que mais vige o ser!

E que remédio? Remédio nenhum, nenhum;

só partir... partir... partir sempre!

A vida é viagem sim — solitária!

[Penas do Desterro, 08 de setembro de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 08/09/2010
Reeditado em 04/01/2011
Código do texto: T2485364
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