Não virás pela mesma porta do mesmo instante
Ainda entreaberta, marcando a hora em que partiste
Não passarás mais em frente à janela dos esquecimentos
E nem vais poder tornar esse dia menos angustiante
Nem essa palavra perdida talvez um pouco menos triste
Não roçarás nem de leve a borda tão doída dos sentimentos
não iluminarás de sorrisos as minhas horas mais caladas
Teu perfume se dissipará de repente de minha lembrança
E tua voz que nada diz soará cada vez mais distante
Não voltarás teus passos hesitantes pelas mesmas estradas
Não terás notícia alguma de uma possível morta esperança
Não trará de volta aquele desejo outrora tão emocionante
Não velarás mais docemente o meu sono nessas madrugadas
E nem com tua beleza me protegerás das agruras do tempo
Não verás a morte sorrateiramente me beijar a face brilhante
Não verás essa poesia derramar ansiosa suas palavras cansadas
De um último e triste poema não verás sangrar no último instante
Um último verso esvaído da última de minhas horas acabadas
Não verás simplesmente! E tudo de tão pouco terá sido nada...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 07/09/2010
Reeditado em 02/08/2021
Código do texto: T2484304
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