À espera das mãos do lado sul...
O vento da tarde já se levantara da sesta, e entretinha-se por ali, em bafejos preguiçosos, a arrancar folhas já prontas a morrer. A vida é um compasso de ciclos. Em breve viriam mãos, mais fortes que o vento, e arrancariam mais, muito mais. Em breve viriam as lâminas da decepação. E as videiras, ensinadas pelos ciclos, relembrariam as dores da vida: não há nascer sem, primeiro, se morrer...
Em vão minhas mãos esperam, mas perdem seu norte nas áreas escuras do mapa, nos recônditos obscuros da alma, na fugacidade da palavra plantada e, já calejadas de tanto lavrar a terra para fecundar o pão, o vinho e a vida, como que num ato desesperador, tenta se encorajar e veste-se de ilusão. Se há realidade, há que haver ilusão, a irrealidade das mãos sobreviverão. Iludo minhas mãos, ainda que seja ilusão, pois há realidade nessa ilusão, e assim eu vou...