DO JEITO QUE JAMAIS FUI
A cidade segue do mesmo jeito que jamais foi
Cada vez maior, incrementada em milhares de almas...
Os ruídos das calçadas avultaram-se nestes anos,
Também os roubos, as brigas, os assassinatos,
Qualquer mal intrínseco à multiplicação dos humanos...
Igualmente, a riqueza obviamente se multiplicou
Novos prédios altos derribaram os velhos cortiços
Conforme o local, não se vislumbra mais horizontes
E esqueça-se procurá-los em frestas ao derredor
Apenas ao meio do céu sobrevive um nubloso ponto de fuga...
A cidade, posuda, depurou as formas do que nunca muda...
E há mais crianças pedindo nos sinaleiros, rindo e chorando
E há mais vida e morte e mais pressa e preguiça
E há mais beijos e tapas e mais louvores e insultos...
Eu ouço pouco, vejo pouco, acho pouco disso tudo...
Sinceramente, sinto-me um intruso, como poucos
E sigo um pouco do mesmo jeito que jamais fui...