Mágoa de Menino

Nas rotundas lembranças

Cospe adiposo mel

Que rança mais que fede

Lança mais que fere

Tem cálcio a compor ossos

Lampejo a brindar a treva.

Banho de asseio na corda

A banhar-se em celebérrimo mar

Faz do instar, a casa de ouro

A hora e a vez do agouro

Para de lá do seja onde for

Lamber do ovo a casca.

Tem-se na latrina do banheiro

A cassação do divino fel

Que sangra infernal direito

À custa dum frontispício nu

Amargo e fugaz início

A urrar pela paz.

São cavidades

Máculas impermeáveis

Que por mais que se tente

Pungem os olhos da gente

E minam nosso rés-do-chão

Como mágoa de menino.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 23/09/2006
Código do texto: T247559
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