[Meu Sol se Apaga]

No extenso areal,

o meu sol se apaga:

o que será feito da ideia

de meu ser atônito?

O meu sol se apaga,

o meu corpo se esmorece...

Apreendo o curso da morte

no bocado que apenas

perdeu o sabor antigo;

não vale mais nada...

Sobre certas memórias,

eu soube guardar o silêncio

que protegeu cobardias,

ou escondeu fraquezas.

Sobre certas memórias,

que mudariam o curso de rios,

eu ainda me calo...

A pena de tudo é sentir

na pele o sol que se apaga,

e concluir que o esforço

para desviver, para não ir,

não me deixou sequer

a moeda para dar a Caronte:

eu não vivi; eu desaconteci.

[Penas do Desterro, 02 de setembro de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 02/09/2010
Reeditado em 28/12/2010
Código do texto: T2475061
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