VINTE E NOVE DE FEVEREIRO
Em vinte e nove de fevereiro o planeta inteiro deveria dar um breque, relaxar um pouco e comemorar este dia especialmente extra com uma festa universal de arromba... Europeus serviriam em bandejas docinhos e salgadinhos para os irmãos africanos e dançariam com eles aquelas coreografias fervescentes tribais... Os semitas hebreus tomariam chocolate quente com bolo xadrez com os semitas arabescos sem preocuparem-se com quem roubou a terra de quem... Americanos - os mais poderosos - fariam um mega-show musical recheado de artistas famosos em Hiroshima. Do céu japonês, despencariam bombas de chocolate... Brasileiros e argentinos disputariam uma pelada num mambembe campinho de barro com as camisas trocadas... Maradona seria o goleiro do Brasil e Pelé, o da Argentina, só para eles verem o que é bom para tosse... Ao final, todos tomariam cerveja, embarreados, nada preocupados com o placar... Por aí vai... Não seria um dia de verdade com a seriedade de ser anotado no calendário... Seria como aqueles sonhos leves, aqueles tão bons que, quando a gente acorda, tenta lembrar-se de algo, mas não ressurge na mente sequer uma mísera miragem da gostosura que o sonho foi...