Eu, jardineiro

Dizem que as flores são independentes, que não precisam de nada nem de ninguém. Na natureza são auto-suficientes. A chuva e algumas abelhas são suficientes. Existem para encantar, perfumar e embelezar o mundo.

Mas o jardineiro precisa dela. Eu sou um jardineiro. O que seria de mim, mortal jardineiro, se não existissem as flores, o canteiro, as sementes, o sol, a água, as abelhas, o beija-flor?

Eu simplesmente não existiria. Se existisse, seria uma vida monótona, sem graça, sem o colorido, sem o doce perfume, sem razão de ser.

Portanto, minha flor: Eu existo por você existir. Sei que não é frágil, mas se deixa cuidar, se permite ser cuidada e protegida, embora não precise disso.

E eu agradeço por isso, me faz sentir útil, necessário, importante. Importante por ter a oportunidade de cuidar de você. Importante por ter a oportunidade de sentir seu agradável perfume, numa troca saudável e gratificante.

Eu poderia cuidar de outras flores, outros jardins. Mas escolhi você. Não sei a causa, não a vou comparar com outras. Não é preciso. Cuidar de você foi a minha opção definitiva.

Mas devotei a você meu carinho, minha dedicação, meu zelo e todos os nutrientes necessários para você crescer, florir cada vez mais, produzir frutos e sementes, perpetuando-a.

Sementes de amor e de carinho. Carinho que te tenho e lhe dedico fielmente.

Esse sou eu. O jardineiro dependente da flor. Dependende de você, minha flor.

Faria Costa
Enviado por Faria Costa em 01/09/2010
Código do texto: T2471977
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