[Gemendo Distâncias...]
Gemeção surda... remoo dores sim;
meu corpo, mal-matado de desejos,
geme as distâncias que me criei!
Principio por aqui, ou por ali?
Jeito de me entender — existe?!
A pinguela é estreita, os meus passos
ladeiam em paus roliços,
e quase me põem a perder.
Que a suavidade da água corrente
que deita a Erva-de-Santa-Luzia
me acuda, me lave e me abra os olhos
cegados pelas escolhas erradas...
...Mas o que eu quero mesmo dizer
é que o meu corpo dói, e dói sem cessar...
Tenho a presença dessa mulher
espraiada em todo o corpo,
em cada pedacinho, por miúdo que seja!
Por isto, esta dor de represamentos,
de veias que latejam, latejam, incham,
mas não explodem.
E eu que cuidava encontrar a paz
na distância, achei tormentos...
[Penas do Desterro, 01 de setembro 2010]