Lábios teus...


Todo verbo se esvai
Letras se perdem,
Desordenam-se.
Palavras mortas ao teu chegar.
Amordaçadas,
Tu, passando,
Dançante, cigana
E eu cativo,
Abandonado em teu olhar.
 
 
Dizeres se apagaram,
Promessas feneceram,
Agora palavras já não cabem,
Só a tua dança me contém,
Faz convite,
E então bêbado adormeço,
No inequívoco do breu,
Embevecido confesso,
Conto ao meu querer
O que sequer sei explicar.
 
O que me converge a ti,
A dança, o olhar,
O cheiro da cama,
E o crime que me fazes praticar?
Será o erro, a falta?
Será?
O posterior castigar...
Sim,
Tu me castigas,
E eu me confesso,
Rendo-me inteiro a ti.
 
Teus beijos sorrateiros,
Tua boca que encarcera,
E eu embriagado e prisioneiro,
Seco sem teu sôfrego sorver...
Lábios que me confundem,
Torturantes,
Tortuosos.
Algemas.
Beijos de abismo onde quero me atirar.
 
Agora vejo onde é o meu pecar,
Onde está o erro, o delirar,
Onde pretendo me afogar,
O meu viciar,
Fascinante magnetizar,
Hipnotizar,
O que eu sigo sem conta me dar...
 
Teus frutos,
Lascivos,
Convite,
Armadilha.
Acoite do desejo meu,
Teus lábios,
Doces e enigmáticos,
Venenosos lábios teus...
 
 
# Inspiração: Refrão de Bolero, Engenheiros do Hawaii
 
 

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 31/08/2010
Código do texto: T2470207
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