TABUINHA BRANCA
Quando será que poderei
Escrever meu nome
Em uma tabuinha branca?
Pelo pendor do meu espírito
Já escolhi meu caminho:
Estou Nele.
Isso quer dizer que eliminei o inferno
Da minha vida.
Porque o inferno não é lá,
É aqui, dentro de nós,
Definido pelos nossos atos
E pelo pendor da nossa alma.
Não sou do anticristo,
Sou Dele, o Cristo..
Na ante-sala do Céu,
Este lugar de chances e recuperação,
Chamado por alguns de purgatório,
Já o vivo aqui, nesta existência,
Porque, por Sua generosidade,
vou apurando, purgando,
Cada pedaço de mim que me afasta Dele.
Queimo na fogueira do Amor Maior
As partes perecíveis,
Para que restem somente
As que não se queimam,
Não se despedaçam,
Nem quebram,
Não terminam jamais
E que serão minha herança.
A cada eliminação,
Chego mais perto de Deus,
Então, já estou gradativamente
no Céu-Aqui,
no Céu-Visão e Céu-Sentimento,
no Céu-Amor do meu Senhor.
Devagar e sempre, em toda vida.
O Céu-Lá é o Céu-Encontro,
O Céu-Definição e Definitivo,
O Céu-Mistério da Plenitude,
Alta definição da conclusão.
Não me deixem esquecer:
No momento final, quero sorrir,
Quero repetir tantas vezes quantas der,
Que fui agraciada em cada minuto da existência,
Porque Ele me deixou reconhecê-Lo,
Ele me fez palmilhar Seu Caminho,
Manteve acesa minha Fé,
Não me deixou perder a Esperança,
Conservou-me em Seu Amor.
Deu-me dádivas imperecíveis,
Fez de mim instrumento de Sua Paz,
Sou, então, gente.
Fez-me fértil, fui Mãe.
Fez-me pródiga, fui Mulher.
Como são maravilhosos os caminhos
Do meu inconsciente!
Esses caminhos estão aí
Mas não os posso dirigir.
A Inteligência o dirige.
Vejam, sem querer,
Começo no presente
E palmilho o Futuro
(fui Mãe, fui Mulher, fui Gente),
Escrevo como se estivesse lá adiante,
Olhando para traz,
Contudo ainda estou aqui,
Neste Presente de Deus,
Presente tempo e dádiva
Neste dia que se chama Hoje,
que tem uma marca própria .
É, sim, o Presente de Deus.
Mesmo que à minha volta
Ainda haja sofrimento,
Ainda me envolva
Com os tropeços
Dos que são partes de mim.
É ainda um Presente de Deus.
Mesmo que me esgueire
Pelos caminhos tortuosos e escuros
Que minha alma insiste em esconder.
Mesmo assim.
Começo o ano de joelhos,
a agradecer tudo:
os tropeços que me ensinam a levantar,
os enganos que me mostram
o caminho certo,
as vicissitudes que fortalecem
a minha Fé e mais todas as dádivas.
Entristeço-me em ver e saber
que ainda não sabem viver
aqui e agora
O Purgatório e o Céu.
É imprescindível, é preciso
Viver aqui o Paraíso.
Quero me afastar de tudo
O que intenta me afastar de Deus.
Que eu nunca me esqueça disso!
Rachel 10/01/05
(Os vitoriosos na Grécia antiga tinham seus
nomes escritos numa Tabuinha Branca que
era posta no Altar da Família)