E tão súbito que tudo era e poderia ser
Foi assim repentinamente que caía a tarde
(Sempre vi a noite empurrando a tarde...)
Dei por mim que havia trazido do ontem o pesadelo
Para jogar resoluto nas ribanceiras desses tempos idos
Com a noite caindo menos no lá fora do que em mim
Anoiteci desprovido dessas idas emoções, anoiteci ermo
E caminhei a brisa suave brilhando sem poder a luz da lua
E que tudo terminasse assim é que foi nada reconfortante
Sentir todo esse pensar dissipar-se num ínfimo instante...
Queria agora esquecer todos os malditos esquecimentos
Não dá para refazer os passos que erraram por descaminhos
Não dá para sair assim do sonho tão impunemente
Para entrar talvez incógnito na realidade inadvertidamente
Queria teus olhos fulminarem-me com teus últimos olhares
Queria a tua boca a devorar-me todas as derradeiras palavras
Queria tuas mãos decididas a agarrar-me todos os silêncios
E que teus braços envolvessem toda essa triste solidão
Ainda que devorasses a minha angústia e minha tristeza
Para que nada disso tudo que tivesse sonhado fosse meu
Para que todos os sonhos de doravante fossem só teus...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 25/08/2010
Reeditado em 04/08/2021
Código do texto: T2459566
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