Meu mundo
Meu Mundo
Queria ter nos olhos, mãos e coração, o mundo da minha infância, novamente...
Onde formiguinhas eram os grandes monstros, e as pedrinhas do lago eram rochas colossais... Queria ver novamente os pequeninos recantos, ao lado do jardim, e passar alguns minutos esperando os homenzinhos pequeninos, ah! Como eu gostaria de acreditar novamente na fada que enche as flores de néctar, mas que se esconde para que não a vejamos.
Queria ver sereia no rio, mesmo àquelas azuis, bem pequenas... que aparecem e somem dentro dos matinhos, zombando de mim.
Queria sim, a verdade dentro de cada verdade minha, a certeza no amanhã de chuva, para fazer corredeiras nos caminhos... A tranqüilidade da espera da lua cheia, quando os elfos vinham brincar de pega comigo. Queria só mais uma vez fazer a mágica sopinha de papoula, e ter a quem servir... Deixar na mesinha de brinquedo lindamente forrada em algum cantinho da grama, e no outro dia encontrar os pratinhos sujinhos de sopa!
Poderia até fazê-la novamente... Ainda sei fazer! Mas hoje não teria quem sujasse os pratinhos e deixasse-os ali, para que eu os encontrasse. Queria acreditar na fadinha do dente, na lua de cristal, no gnomo gorducho que cata diamantes de gotas de orvalho toda manhã, cantarolando canções escocesas, e bocejando de sono...
Não é justo crescer... Queria voltar a crer... Nas coisas que eu via.
E fundo em minha alma sentia, que nada poderia ser mais real.
Márcia Poesia de Sá