Nem bem amanhecia, ainda nem era dia...
E meu pensamento nem dobrava a esquina
Era entender tanto tudo o que se perde
Entender os dilemas dos poemas mais tristes
Eles que nem ousaram ainda ser escritos
Era entender distâncias mesmo à distância
Era entender que a paixão tem reentrâncias
E o amor por vezes se faz em reticências
É que ao amor sucede todo tipo de inconstância
Ali, onde o olhar nem chega, ali, o horizonte
Ali, onde nem pode se imaginar, imagina vazio
E meu desejo ainda nem voltava do mar
Já o medo se apoderava da solidão do cais
A sina era sempre partir e fomos sem voltar
Voltar era a intuição mais desavisada
O pressentimento de não ter chegada
Nenhum sorriso, nem saudade, nenhum olhar
Ali, o mar imenso com seus braços abertos
Ali, a noite eterna com sua boca aberta
Ali, o sonho intenso a consumir realidades
E ali, a realidade absurda tão apartada do sonho...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 25/08/2010
Reeditado em 04/08/2021
Código do texto: T2458460
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