Estranhos Extremos

Um segundo...

...Comecei a escrever, sangrando e, levando meu coração

na ponta do lápis, foi rabiscando num tracejado rubro e desforme, esses pesares tão meus...

Omeu coração, que a tempos era pluma e flutuava no mais íntimo e profundo lago de emoções...

Agora...

...Afoga-se neste mesmo lago que (tão de repente) transformara-se num oceano...

agitado, atormentado, imenso...

É bem verdade que gosto de imensidões, embora elas me assustem, trazem ao meu coração e minha mente, uma "inspiração" ou um "olhar" mais infinito, como, de fato, é este oceano que agora me arrasta para o fundo...

...Sabe, a razão sempre demorou para chegar até mim e quando resolve aparecer, encontra apenas destroços deixados por um furacão de nome "dor" e codinome "sofrimento"....

...Causado por um misto de sensações.

Agora...

... quero desaparecer, chorar, me esconder, sumir deste lugar, não ouvir mais nada além de minha própria respiração... L.e.n.t.a...

Ah! Eu quero derreter junto com essas lágrimas salgadas que derramam no poema um pouquinho de dor...

(coração está apertado demais!)

O choro reflete-se nas linhas, meu versejar mais incomum, sem doçura, sem palavras rimadas, sem métrica alguma, apenas tristes e amargas palavras, gotas de sangue no papel....

...Não pretendia escrever uma poesia doce, tampouco, alegre.

Porque hoje tudo afogou-se, tudo está acorrentado, talvez, um sorriso ajude-me a libertar-me deste castigo assustador...

Não culpo nada e nem ninguém pelo o que estou sentindo, não quero ferir ninguém com palavras rudes, farpas fatais...

O silêncio é meu auxílio, a forma mais fácil e cruel que encontrei de me recompor, de buscar-me naquela imensidão, trazendo-me de volta aquele coração que faz-me tanta falta...

Eu vivo de emoções e nada (nem mesmo a dor), pode tirar de mim os sonhos que, parecem surreais ao extremo, porém, são o alicerce do que escrevo e que até com dor, pode tornar-se belo...

Ana Luísa Ricardo

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 23/08/2010
Reeditado em 23/08/2010
Código do texto: T2454785