ROTINA NO INTERIOR DA SELVA
ROTINA NO INTERIOR DA SELVA
O luar penetrava
Entre as copas das árvores
Ás margens do lago,
A face da Lua resplandecia
Sobre a serenidade das águas,
A sutil beleza deste momento
Quebrava-se apenas
Nas investidas dos tucunarés
A caçar pequenos carás.
Sobre troncos tracajás
Vêm à Lua espiar,
Enquanto imóveis
Tingas aguardam presas
Descuidadas que vêm
No lago sua sede matar.
Gritam alegres bugios
Em desvairados cios
Nos cumes das samaumeiras
Para a perpetuação da espécie.
Morcegos em voos rasantes
Caçam insetos abundantes,
Enquanto a sucuri enlaça
Um catitu dando-lhe
O abraço da morte
Esmagando-lhe
Os ossos lentamente...
Esturravam as onças
No seio da mata,
Distante o homem
Da floresta a tudo
Assistia indiferente
Com a isca posta na água,
Recolhe a malhadeira
Tirando dela
O sustento da família.
O Sol vem surgindo
Os primeiros raios
Despertam aves adormecidas
Que se põem a cantar,
Pronto a sinfonia
Da selva vai começar...