Da poesia resta quase nada
O sorriso tímido e frio da lua
A palavra que morre calada
A solidão mórbida da noite
Na solidão sórdida da rua
A tristeza a devorar madrugada
Resta um dia ainda por amanhecer...
Resta em cada palavra atormentada
Um verso sempre ainda por escrever
Que se sabe que não irá dizer nada
Em tudo ainda que tem que esquecer
Como se fosse fácil assim, quase nada
Esquecer o que se quer tanto viver
Como que deixar toda a caminhada
Sem sentir cada passo morrer...
Resta a casa cheia de ausência
E momentos plenos de saudade
Para o que viveu nenhuma clemência
Para o que tem nenhuma felicidade
Resta o gosto amargo da incerteza
Que não se sabe se por pura penitência
Ainda se carrega como se fosse verdade.
Resta a mão que treme, o grito que entala
A palavra sempre a morrer na eternidade
A alma que geme, o coração que se cala
Poesia que ora canta só pela metade
Numa outra metade que nunca fala...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 23/08/2010
Reeditado em 04/08/2021
Código do texto: T2454461
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