NOVOS TEMPOS, MESMA LUTA
Queriam nos calar certos da obediência
No entanto, os poucos gatos pingados
Lá permaneceram
E a realeza, não contente e enfurecida
Solta aos borbotões falácias as mais vivas.
E consumada a tomada do espaço público
As forças do Estado, o Leviatã a postos
Clama pelo o povo os direitos que lhe negam
E a hipocrisia se torna o novo estatuto.
Nunca!
Nunca à obediência servil e ignóbil
Nunca abandonar no campo nossos irmãos
E deixá-los à mira certeira e fatal.
Não há flores no jardim
A terra seca e quebradiça
Não germina a semente
E a primavera apenas uma palavra.
Caem os primeiros pingos
A terra beijada pela chuva
Agradece e flores surgem
E o dia mais alegre fica.
Queriam nos calar
Gritamos
Queriam nos intimidar
Resistimos
Queriam nos enganar
Denunciamos.
És o andarilho diário
Não pára segue em frente
E cansado continua
Porque deixa no caminho
Suas pegadas como trilha.
Nunca!
Nunca àqueles curvará a espinha
Nem tão pouco os olhos o chão olharão
Nem o sorriso voluntário e fácil à boca sairá
Somente o grito anunciando o combate.
Nunca a espada sentira a pele real
Nunca o povo enxotou o monarca
E a realeza medrosa e acanhada
Buscou na fuga a salvação.
Ó famélica gente da fome
Sob a vilania do imperador
Ergueu-se e indicou-lhe o cadafalso
E a guilhotina fez seu trabalho.
Jazem nas memórias lembranças de outrora
Lições deixadas pelos antepassados
Brotam nos corações dos pósteres herdeiros
E sabido que nada é dado de mãos abertas
Nem sem luta se conquista o que se busca.
Ah, os sonhadores da igualdade entre os seres
Lampejam ao fim da estrada novos caminhos
E não abandonam a estrada à sangue construída
Porque outros tantos fincaram nos corações
Novas esperanças sempre renovadas naqueles que lutam.
E a donzela à janela tudo assiste
Nem romances de príncipes e princesas
Representa a vida em todo seu esplendor
É a multidão no urbano espaço ocupado
Não por carros e suas buzinas estridentes
Mas por pessoas num único pensamento
Que é lutando que se faz a luta necessária.
E rompida a ordem elencada nos códigos
Distorcidas notícias traz a imprensa comprometida
E o povo esquecido nas filas dos hospitais e outras mais
Acredita nas palavras daquele ocupante da excelsa casa.
E assassinada a verdade pelo mitômano rei
Chegará o dia para novas guilhotinas
E o povo detentor do poder outrora usurpado
Sairá às ruas
E será primavera das flores as mais bonitas
E a abelha produzirá o mais saboroso mel.