15 de Dezembro
Outro outubro, que outrora só trazia aurora, agora
Traz de um tempo que ficou pra trás com o lamento,
Lembranças lentas, memórias mentirosas, momentos mortos
E sentimentos sorteados, soltos, salientes, suspirantes,
Situados somente no sopro seco, salgado e sem sentido.
Repito retardadamente a reconstrução do redemoinho.
Ele roda e não te afoga, ele roda e não te derrota,
Ele ventila em velhos vórtices as vozes pouco visualizadas.
Ele repete o relato, relembra o que foi realmente um fato.
Ah! Redemoinho chato! Roda mais uma vez, ingrato!
Harmonia tardia! Troca a tua nota e anota o que eu te dizia.
O Dó vem de Ré quando Lá o Sol não tem a Si.
Melodias melosas molestam meu músculo mutilado.
Canções cantam e cansam de cantar o conto.
Capangas continuam a contar em um canto com um copo de conhaque.
Facilmente a fidelidade à família fincou na face.
Fugiste da folga no futuro e ficaste fingido falsidade?
Ou pulaste do porto do passado por pura pobreza,
Beleza, fraqueza, delicadeza, sutileza, tristeza e moleza?
Bancando a princesa, duquesa ou mesmo baronesa à francesa.
Não, eu não queria irmão onde a emoção atendia por paixão.
O calor trazia dor e eu nem podia pôr pra fora o amor.
Escondia a verdade por trás da amizade, lealdade e proximidade.
Sim, seria suave sentir sua saudade saudando a minha solidão
Como um homem que quer um homem, que ama um homem e que é homem.
Rimo as rimas assim como o limão e a laranja lima.
Amargo, azedo, aguado, adstringente
Que um dia pensou que era gente.
Adocicado, açucarado com um pouco de leite condensado.
Este pensou em algum momento estar sendo amado.