Aos jovens tempos de hoje
Hoje, quem mais se importa com poesia?
Quanto transtorno, dilema, teoria...
O raciocínio linear, dedutivo, analítico
Quando muito, uma treva infantilizada
Ou por deveras necrosada e letal...
Onde estão nossos passeios noturnos pela decadência da vida lenta?
Onde estão os olhares afoitos a fitar o horizonte do amanhecer resistente à noite eterna?
Aonde foi o perfume ocre de vinho amanhecido, do orvalho amadeirado, do sangue furtivo de nossos lábios?
Que noites são essas, outrora tão profetizadas, de plástico e silício? Entram senhoras de uma verdade de outros. Acusam o mundo do ontem, com vãs evocações de memórias nunca vividas... Clamadas e descartadas no próximo segundo. Inconscientes do amanhã que não mais lhes pertence...
Que frágil imortalidade legamos aos próximos!
Que lágrimas rápidas estas crianças da noite vertem pelo tesouro da alma 'nocturna'!
Desse amanhecer vosso tão ansiado, que medo de entrar pela janela negra do espírito!
Abraça por um momento o tormento sinistro de estar vivo! A exuberância do agora impreciso... A excelência desconexa da paixão viceral... O terror e amor do andor de nossa alma... Abraça a treva que para sempre nos aguarda.
E vive a lúgubre dádiva do agora!