Noite Molhada

Só podia estar só

Só precisava ficar só

Por trás das nuvens que cobriam meu rosto

Cerdas escuras limpavam a baba viscosa

Não me ergui; fiquei prostrado

Aturdido e imerso em tonel de espinhos

Meus vinhos vinham se debatendo

Botando olhos marejados no sangue ébrio

Que sai do peito, enrijece e me aquece;

As minúcias, essências e aromas tinham-me todos

Ao léu, um rastro vingativo de vezo puro matou-me;

Debuxo no pascigo, que com fel umectou e se lançou

Atmosfera turva, curvada e variante

Não tem a estrada que a lebre queima com saltos de giz

Pútrida escada a me fitar deitado (Corra! Baralho!)

Sofregamente por procriar marcas em corações despadronizados

Pura maldade!

Faz de nós resquício insano, mulher em lata d’água

Sem nexo, sem cianureto

Passa de intento à liderança cadavérica

Quantos eu sou?

Mais de mil desatando nós

Que nem alicate diluiria, não mesmo!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 20/09/2006
Código do texto: T245106
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