BEBO A PÁTRIA PAMPA
O "caminho" é o horizonte, a linguagem da vida. Bordejo a pátria percorrendo artérias qual um caramujo debaixo de seu teto, observando tudo a partir desse rancho andarilho. O coração pulsa em cada casinha de palha e sapé, fazendas de cana e café, estufas de mudas, sementeiras, galpões de seleção de morangos, verduras, tomates rubros de sol e pomares de frutas às margens das estradas, em que a bênção das águas orvalha raízes e pomos. Sinto o sumo do imenso Brasil com a sofreguidão dos famintos de pátria e pleno de amor servil, a urdir o hino do agradecimento. O cobertor das invernias se levanta quentinho todos os dias nesse Brasil a oeste das grandes cidades. Bebo o dia seguinte como quem sabe do futuro auriverde. Há alguns dias, o pulsante coração do interior de SP, divisa com o MS, levanta o pó de sempre desejosas retinas. Um pálio luminoso cochicha a voz da fraternidade.
– Do livro ALMA PERDIÇÃO, 2010.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/2446470